Uma mãe denunciou à Polícia Civil supostos maus-tratos sofridos pela filha de cinco anos, diagnosticada com autismo não verbal, em um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) da cidade. A denúncia foi registrada após a mulher instalar uma escuta escondida na bolsa da criança e captar áudios que, segundo ela, revelam tratamento hostil por parte da professora responsável.
A investigação será conduzida pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crime (Nucria). Segundo o relato da mãe, em fevereiro deste ano a criança teria chegado em casa com hematomas pelo corpo. O caso foi comunicado à direção da unidade escolar e registrado em ata durante uma reunião.
Meses depois, a mãe notou resistência da filha em ir à escola. Profissionais que acompanham o tratamento da criança também observaram mudanças significativas no comportamento dela.
A decisão de instalar o dispositivo de gravação ocorreu após a mãe flagrar a menina assistindo desenho no celular da professora, isolada dos demais colegas, que participavam de uma atividade coletiva. Segundo ela, o acesso à sala naquele momento foi autorizado pelo secretário da escola. Desde então, relata, o portão passou a permanecer trancado.
De acordo com o material registrado, a professora aparece gritando com os alunos. A mãe afirma ainda que os áudios indicam que a filha era alvo de bullying, ofensas e até trancada em algum espaço como forma de punição. A Polícia Civil abriu inquérito e começará a colher depoimentos nos próximos dias.
Em nota oficial, a Prefeitura de Maringá, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informou que; "realizou todos os protocolos de proteção à criança, com os encaminhamentos necessários. O município reforça que abriu uma sindicância para apurar o caso e a servidora será afastada das funções temporariamente. A administração reforça que preza pelo bem-estar e proteção de todos os alunos da rede municipal de ensino e não tolera violência”.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Maringá (Sismmar) afirmou que o caso deve ser investigado com cautela e ressaltou a ausência de evidências concretas contra a professora. Confira a nota na íntegra:
“O Sismmar acompanha com atenção e preocupação o caso envolvendo a acusação contra uma professora da rede municipal. Até o momento, não há qualquer evidência concreta de que a servidora tenha proferido as falas que lhe são atribuídas.
O sindicato foi informado sobre uma suposta gravação, feita de forma ilegal, apresentada pela família da aluna. O Sismmar solicitará oficialmente o acesso ao material e pedirá perícia técnica para verificar a autenticidade da gravação e se a voz é, de fato, da professora. Ressaltamos que, além da possível ilegalidade da escuta, áudios podem ser facilmente manipulados e não constituem, por si só, em uma prova material.
Em reunião com o sindicato, a professora, que tem longa trajetória na rede e conduta ilibada, negou categoricamente as acusações e afirmou estar sendo vítima de uma grave injustiça, ainda sem saber a motivação por trás disso.
O Sismmar pede cautela à Prefeitura de Maringá e reforça que não se pode tomar qualquer medida extrema, como o afastamento da servidora, sem elementos concretos. O setor jurídico do sindicato já acompanha o caso e tomará todas as providências cabíveis para garantir que a verdade prevaleça e que a servidora não seja penalizada injustamente”.
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